O fim da espera pelo transplante de fígado.

É chegado o dia, o fim da espera pelo transplante de fígado. O órgão apareceu! Dicas para esse dia, entenda esse processo.

Após o período de espera, finalmente chegará o tão esperado dia. Assim que um doador for identificado, o enfermeiro da equipe de transplantes entrará em contato com você para que se prepare.

Considerando que essa ligação pode acontecer durante qualquer horário (seja dia, noite, fim de semana), é muito importante que a equipe de transplante consiga entrar em contato com você em qualquer lugar que você possa estar (casa, escola, no trabalho, de férias). Forneça os números de telefone de membros de sua família, assim como amigos próximos, para garantir que possa ser localizado imediatamente.

Caso não consigam estabelecer contato com você em tempo hábil, de modo a deixá-lo pronto para a cirurgia, a equipe de transplante notificará a Central de Transplantes para ofertar o órgão para o próximo paciente em lista.

Agilidade é diferente de afobação.

Quando acontecer a esperada ligação, tudo deverá acontecer de maneira ágil, porém, sem afobação. A equipe orientará quando deverá se dirigir ao centro transplantador e o hospital onde acontecerá o transplante.

É recomendado que ao aderir à lista de espera pelo órgão, confeccione uma lista dos itens que serão necessários, para que na hora de fazer sua mala nada seja esquecido. Esse momento geralmente tem apelo sentimental, de surpresa, às vezes medo e angústia. Não esqueça de entregar uma lista ao seu familiar com os nomes das pessoas que você deseja que sejam avisadas do transplante.

Não esqueça de levar ao hospital:

  • Lista de todas as medicações que está tomando;
  • Lista das alergias medicamentosas, se tiver alguma;
  • Roupas e itens de higiene pessoal.

Assim que contactado para se deslocar ao hospital, normalmente será solicitado o início de jejum, pois o estômago deve estar vazio ao chegar na sala de cirurgia.

Planeje seu deslocamento com antecedência.

Se o hospital é perto de sua residência, você deve planejar e combinar com alguém para levá-lo ao hospital. Essa pessoa deve estar disponível sempre e de fácil localização por telefone.

Se o hospital for longe de sua casa, o coordenador dos transplantes pode ajudar com os preparativos do transporte. Caso o planejamento envolva transporte pelo município de sua residência, saiba de antemão quem você deve contactar quando precisar, lembre-se que tudo pode acontecer fora de horário comercial.

Enquanto você se desloca, a equipe já está trabalhando.

Simultaneamente ao seu deslocamento ao hospital para o internamento, parte da equipe de transplante realizará a cirurgia de captação do órgão para o transplante. Essa cirurgia – chamada captação dos órgãos – é quando a viabilidade do órgão para transplante será determinada.

Cada fígado doador é avaliado através da história clínica, do resultado de exames laboratoriais e da avaliação pelo cirurgião no momento da cirurgia de captação dos órgãos. Somente quando esses inúmeros fatores resultam em uma “equação” favorável ao receptor é que o órgão é utilizado.

Após a retirada do fígado doado, ele é armazenado em uma solução especial e refrigerado a uma temperatura de 4º graus Celsius. O órgão pode ficar armazenado nessas condições por um período máximo de 12 horas, intervalo chamado de tempo de isquemia. Por esse motivo que você deve se deslocar ao hospital logo após o aviso da equipe transplantadora.

É possível que aconteça o cancelamento do transplante se concluído que o órgão não é adequado para o uso. Isso é frustrante, porém parte de um mecanismo de controle de qualidade para que todo o transplante tenha uma maior probabilidade de sucesso.

Você possui o direito de recusar a submissão ao transplante quando receber a ligação. Tal atitude resultará em inativação na lista de espera por parte da equipe transplantadora, até que nova consulta médica seja realizada, para tentativa de elucidação dos motivos da recusa.

Pontos-chave:

– Mantenha-se comunicável durante o processo de espera pelo transplante.
– Planeje antecipadamente como será realizado o deslocamento para o hospital.
– Saiba que a equipe de transplante é treinada para conduzir esse complexo processo e o objetivo último é a máxima segurança para você.

Dr. Fábio Silveira

Médico pela PUCPR (CRM 20009/PR). Residência médica em cirurgia geral pela PUCPR, com área de atuação em cirurgia vídeo-laparoscópica (RQE 192). Título de Especialista em Cirurgia Geral pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (RQE 13560). Título de Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (RQE 15509). Atua na área de transplante de fígado, pâncreas e rim. Membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), da Sociedade Internacional de Transplante de Fígado (ILTS) e da Sociedade de Transplantação (TTS).

Posts Relacionados